Nascida em Taubaté, interior de São Paulo, em 1929, Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani tinha apenas um filho: Marcello Camargo. Um dos ícones da televisão brasileira, Hebe iniciou sua carreira na década de 40 e participou da primeira transmissão da televisão brasileira, em 1950. Além de mais de 60 anos de trabalho na TV, Hebe também atuou em seis filmes e lançou oito discos como cantora. Hebe travava uma luta contra o câncer desde 2010, quando foi diagnosticado um tumor no peritônio (membrana que reveste os órgãos digestivos). Lamentamos pelo falecimento de Hebe Camargo. Neste momento, podemos refletir sobre a vida, a morte e entendermos o que acontece depois da morte.
É desejo de todos nós sabermos o que acontece por ocasião da morte porque não fomos criados para morrer. Deus nos fez para desfrutarmos da eterna felicidade ao lado dEle. Entretanto, o pecado impediu que este plano continuasse, pois, ao afastar-se de Deus por pecar (Is 59:2), o ser humano se separou da fonte de vida, o Criador. Consequentemente perdeu o acesso à árvore da vida para que não fosse um eterno pecador (Gn 3:22-24). Por isso, a família humana se tornou mortal.
Para dar ao ser humano a oportunidade de ter a vida eterna novamente, Jesus Cristo veio morrer na cruz no lugar dos seres humanos. Essa morte substituinte de Cristo pagou a dívida que tínhamos para com a lei de Deus. Hoje, pela fé em Jesus (Jo 3:16), somos declarados justos (Rm 5:1) pelos méritos do Salvador. Ao aceitá-Lo como nosso Salvador pessoal, contamos com a presença do Divino Espírito Santo para nos ajudar em nossa preparação para o Céu, no aperfeiçoamento do nosso caráter (a Bíblia chama isso de santificação – ver Hb 12:14; Jo 16:8; Ef 2:10). E quando Jesus voltar, o plano de salvação será finalizado. Ele terminará com o pecado e dará a vida eterna novamente àqueles que O aceitaram como Salvador e Senhor (ver 1 Co15:51-54 e 1 Ts 4:13-18).
O fato de Jesus precisar vir a este mundo morrer no nosso lugar para pagar a dívida que tínhamos para com a santa Lei de Deus, demonstra que não somos imortais. Se, ao morrer, o ser humano fosse para o Céu, não haveria necessidade de Jesus vir a este mundo. Afinal, seria mais fácil Deus esperar todos morrerem para encontrá-los depois, no paraíso. Se o ímpio, ao morrer, fosse para o “inferno”, não haveria necessidade de Deus reservar um dia, no futuro, para puni-lo (leia At 17:31).Quando estudamos sobre a natureza do ser humano na Bíblia, percebemos que ele foi criado por Deus com três aspectos que compõem o ser: o físico (nosso corpo), o mental (cérebro, emoções…) e espiritual (nossa religiosidade). Podemos ver isso em 1 Tessalonicenses 5:23, onde nos mostra essa visão integrada do ser humano. Ali vemos que o ser humano não tem “três partes separadas”, mas que ele é composto por três partes inseparáveis. E, quando a pessoa morre, esses três aspectos do ser deixam de existir. Convém destacar que Deus quer levar para o Céu, não um “espírito” desencarnado, mas o ser humano por completo (ver Fl 3:20, 21).
A Bíblia ensina que após a morte o ser humano vai dormir no pó da terra: “…porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19). “Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão” (Ec 3:20). Os textos não dizem que o ser humano irá para o Céu ou inferno. Afirmam que, ao morrer, todas as criaturas retornam à matéria original da qual foram formadas. Sendo que a humanidade não tem mais acesso à árvore da vida, é de se esperar que deixe de existir por ocasião da morte.
A morte é um sono sem sonhos.[1] Veja os seguintes textos bíblicos:
“Atenta para mim, responde-me, Senhor, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu nãodurma o sono da morte” (Sl 13:3).
“Embriagarei os seus príncipes, os seus sábios, os seus governadores, os seus vice-reis e os seus valentes; dormirão sono eterno e não acordarão, diz o Rei, cujo nome é Senhor dos Exércitos” (Jr 51:57; Jr 51:39).
Falando a respeito da morte de Seu amigo Lázaro, Jesus disse:
“…Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono” (Jo 11:11-14). E a Bíblia continua:
“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Co 15:16-19).
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”[2] (1 Ts 4:13-15)
Além disso, as Escrituras afirmam que não há consciência na morte. A pessoa não pensa, não lembra de pessoas ou coisas e não pode voltar para falar com os vivos:
“Pois, na morte, não há recordação de ti;[3] no sepulcro, quem te dará louvor?” (Sl 6:5).
“Os mortos não louvam o Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (Sl 115:17).
“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem cousa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram:[4] para sempre não têm eles parte em cousa alguma do que se faz debaixo do sol” (Ec 9:5-6 (ler também o verso 10).
O que é a alma?
A filosofia grega teve grande influência em nossa “compreensão” desta palavra. Infelizmente, os gregos tinham um conceito errado sobre o assunto. Para eles, a alma seria uma entidade imaterial capaz de sobreviver fora do corpo. O maior defensor desse conceito foi o filósofo Platão. E, devido à influência de Agostinho, essa crença passou para as igrejas cristãs também. O professor Otoniel Mota, pastor presbiteriano, em Meu Credo Escatológico, p. 3, afirma:
A doutrina da imperecibilidade da alma não é bíblica, mas pagã. Nasceu na Grécia e propagou-se na Igreja, através de Platão, do século V em diante, graças à influência de Agostinho. A doutrina de uma natureza simples, una, indivisível, etc., não se mantém diante das concepções psicológicas modernas e da teoria da mais racional acerca da propagação do ser humano, corpo e alma.
O forte desejo humano de continuar vivendo aliado à interpretação equivocada de alguns textos bíblicos se constitui num fator para a propagação da falsa doutrina da imortalidade da alma, entre as igrejas cristãs. Eis alguns dos textos mais “usados” para apoiar a ideia popular de que a alma continua viva por ocasião da morte: Gn 35:18, 1 Rs 17:21 e 22, Ec 12:7, Mt 10:28, Lc 16:19-31, 23:43, 2 Co 5:8, Fl 1:21-23, 1 Ts 5:23, Hb 12:22 e 23, Ti 2:26, 1 Pe 3:19 e 4:6, 1 Pe 2:4, Ap 6:9, 14:11[5]. Um princípio básico a ser seguido no estudo da Bíblia é o de usar os textos mais fáceis para entender aqueles mais difíceis. Não devemos fazer o contrário! Se seguirmos esse princípio ensinado por Isaías 28:10, desaparecerão todas as aparentes dificuldades apresentadas nos textos supracitados. Se a Bíblia afirma que a morte é um sono até a volta de Jesus, então vamos usar esses textos bastante claros para entender os mais obscuros.
A Bíblia tem uma visão diferente do que é a alma em relação ao ensino grego. Veja esta explicação extraída do livro “Imortalidade ou Ressurreição?”, escrito pelo Dr. Samuele Bacchiocchi (págs. 58 e 62):
“…a Bíblia se refere 13 vezes à morte humana como sendo morte da alma (Levítico 19:28; 21:1, 11; 22:4; Números 5:2; 6:6, 11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ageu 2:13). A alma é a pessoa como um indivíduo. Em Miquéias 6:7 lemos: “darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu corpo pelo pecado da minha alma [nephesh]?” A palavra hebraica traduzida aqui por “corpo” é beten, que significa barriga ou ventre. O contraste aqui não é entre o corpo e a alma. Ao comentar este texto, Dom Wulstan Mork escreve: o sentindo não é que a alma seja uma causa humana do pecado, com o corpo como o instrumento da alma. Antes, o nephesh, a pessoa viva integral, é a causa do pecado. Portanto, neste verso, a responsabilidade pelo pecado é atribuída à nephesh como pessoa.”[6]
Concluindo: na Bíblia, o conceito principal de alma é a pessoa vida (ver Dt 10:22). Gênesis 2:7 diz que o ser humano é uma alma e não que ele “tem” uma alma.[7] Reforço: a morte é um sono até a volta de Jesus.
O que é o “espírito”?
Essa palavra pode ser traduzida de várias maneiras, mas o seu significado principal é fôlego de vida. É aquela espécie de “ar” que saiu da boca de Deus, o princípio vital que o Criador soprou nas narinas do ser humano depois que o formou do pó da terra. Você pode ler isso em Gênesis 2:7.
Não precisamos temer a morte. Logo, Jesus voltará para dar fim a essa triste realidade. A solução que Ele tem para a morte é a ressurreição. Ressuscitar significa “fazer surgir de novo”. Com Seu poder infinito, Deus fará com que os mortos surjam novamente do pó da terra: “Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos”(Is 26:19). Aceite Jesus como seu Salvador, apegue-se a essa promessa e viva com esperança!
Seja feliz!
(J.Washington & Leandro Quadros)
Nota especial: Recomendamos a leitura do livro Imortalidade ou Ressurreição? que mencionei anteriormente. Pode ser adquirido com a Editora World Press pelo telefone 0xx (22) 248-8877.
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[1] A Bíblia compara a morte a um sono mais de 50 vezes.
[2] Repare que o verbo “dormir” está no presente, indicando que, atualmente, os mortos dormem.
[3] Neste texto, é dito que não há recordação de Deus. Se a pessoa estivesse no Céu, quem mais ela iria lembrar seria do Criador, com certeza!
[4] Se, após a morte, o “espírito” fosse para o Céu, ele sentiria amor. Caso fosse destinado ao “inferno”, sentiria ódio e inveja. Portanto, se os mortos não podem ter tais sentimentos, isso indica claramente que eles não estão em lugar algum, a não ser na sepultura, dormindo até o dia da ressurreição.
[5] Se tiver dificuldades em entender algum (ou outro) desses textos, mantenha contato com a Escola Bíblica.
[6] Dom Wulstan Mork (nota 13), p. 40.
[7] A palavra “alma” pode ser traduzida de várias formas. Entretanto, em nenhuma delas encontramos a ideia de que a alma “sai do corpo”.
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