O meu ensinamento e a
minha mensagem não foram dados com a linguagem da sabedoria humana, mas com
provas firmes do poder do Espírito Santo. 1 Coríntios 2:4
Mulheres exaustas entravam em fila no abrigo diurno para
pessoas sem lar. Tinham os ombros arqueados sob as mochilas. Outras seguravam a
mão encardida de crianças com os olhos arregalados. Eu era um dos 20
voluntários que ajudavam, por um dia, num empreendimento solidário e
assistencial na favela. Haviam solicitado que eu apresentasse um devocional de
45 minutos.
“Não sou a pessoa certa para isso”, objetei, algumas
semanas antes. “Nunca fui uma sem-teto e não sofri abuso. Vocês precisam pedir
a alguém com quem essas pessoas possam se identificar.” A líder do
empreendimento respondeu: “Conte-lhes, simplesmente, como Deus fez a diferença
na sua vida. Então ore, e o Espírito Santo assume a partir daí.”
Agora eu me via diante de mais de 40 mulheres carentes,
e tentava não me distrair com os guardas armados que orientavam a multidão dos
sem-teto que passavam pelas portas, na direção do balcão principal do abrigo.
No início, a maioria das mulheres observava por trás de uma camada de
desconfiança. Um casal não conseguia manter os olhos abertos. Muitos tossiam e
espirravam. Todos se mostravam desgrenhados. Dez minutos depois de iniciar meu
devocional, vi uma lágrima deslizando pela face de uma mulher. Desviando os
olhos, ela a enxugou com a mão e aí, para meu espanto, mais mulheres começaram
a chorar. Por um momento, mal consegui falar, com a voz embargada. Uma senhora
de olhos tristes, na fila da frente, comentou: “Ela está contando minha
história – nossas histórias. Ela entende o que estamos passando.”
Mas eu não entendia – não completamente. Alguém,
todavia, Se identificava, do fundo do coração, com a situação desesperada
daquelas pessoas.
E subitamente, de alguma forma, as mulheres sentiram Sua
compaixão.
Durante as horas seguintes, nós, voluntárias, procuramos
atender as diversas necessidades daquelas pessoas. Também ouvimos, oramos e
choramos um pouco. Ao sair, externei em silêncio a minha aflição: Ó Deus,
apenas arranhamos a superfície. Como podemos esperar fazer a diferença na vida
de alguém? Como se fosse em resposta, lembrei-me das sábias e confortadoras
palavras da líder da equipe: “Simplesmente ore, e o Espírito Santo assume a
partir daí.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário