O Perdão é Uma Dádiva


Em 1945, James Harris participou, com outros 1.799 prisioneiros de guerra, da marcha da morte, que durou 91 dias. A partir do momento em que saíram da prisão no Oeste da Polônia, até o dia em que foram libertados por forças norte-americanas, os homens não trocaram de roupa nenhuma vez. A fome, sujeira, dor e doenças se difundiam entre eles.

Caminhavam de 16 a 24 quilômetros por dia, enfrentando gelo, neve, granizo e lama. À noite, dormiam no chão de celeiros, o que fez que seus cabelos se enchessem de parasitas. Ficaram infestados de piolhos. Comendo apenas duas batatas por dia, em pouco tempo os homens se tornaram fracos. A disenteria fazia vítimas entre o grupo.



Certa manhã, quando James estava fraco demais para levantar-se do chão do celeiro, dois de seus companheiros carregaram-no até o "carro da carne", onde ele ficou por três dias com corpos de mortos empilhados ao seu redor. No terceiro dia, um soldado ordenou que ele saísse do carro.

"Eu estava fraco demais, magro demais, porém senti forças – uma força além de meu poder humano, a qual só pode ter vindo de Deus", conta Harris.

A certa altura, alguém lhe deu um punhado de farinha infestada de carunchos. Ele tirou a sujeira de uma lata jogada no chão do celeiro e juntou um pouco de estrume seco para fazer um fogo e cozinhar o mingau. Seus fósforos molhados não acendiam, e ali ficou ele, chorando de frustração. Naquele dia, chegaram as forças libertadoras.

Recordando sua pavorosa prova, Harris diz: "Acho que a maior bênção foi ter saído da marcha da morte e do aprisionamento sem sentir ódio, o mínimo resquício de ódio. Creio que foi a maior de todas as dádivas de Deus. O amor". James Harris está certo. O amor é um dom. Não há jeito de podermos perdoar por nós mesmos.

Que seria da vida sem o amor? De que serviriam os chuveiros, se a amargura contamina o coração? A libertação não faz sentido se ainda nos sentirmos amarrados pelo ódio. De que vale uma bela casa, se a suspeita caminha por seus corredores? Podemos, entretanto, suportar até a pobreza e a perseguição se houver amor.

Sabemos que recebemos a dádiva do amor quando somos capazes de perdoar nossos inimigos.

(Dorothy Eaton Watts. In: Inspiração Juvenil 2012: amigo é pra essas coisas. Tatuí: CPB, 2012. Texto digitado por Reginaldo Santos e publicado no grupo Boas Novas).

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