Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Mateus 5:7
As bem-aventuranças revelam um conceito de
desenvolvimento. Nas primeiras quatro – os pobres em espírito, os que choram,
os mansos e os que têm fome e sede – a ênfase recai nas atitudes. Embora na
visão do mundo as pessoas assim sejam consideradas fracas, perdedoras,
desprezíveis e indignas de uma segunda avaliação, Deus as chama de
“abençoadas”.
Nas três bem-aventuranças seguintes vemos a ênfase sair
da atitude e focalizar a ação, do ser para o fazer. Enquanto as quatro
primeiras descrevem o tipo de pessoas que podem receber a bênção do Messias, as
três seguintes começam a descrever de que forma tais indivíduos vivem no mundo.
Em primeiro lugar, os cidadãos do reino de Jesus são
misericordiosos. Essa palavra poderosa implica atos de bondade e graça, assim
como na ação misericordiosa do bom samaritano (Lc
10:25-37). Ser misericordioso significa mais do que ter uma natureza perdoadora; significa ir ao
encontro das pessoas necessitadas, machucadas, desesperadas. Significa ir ao
encontro delas levando esperança e bondade. Os misericordiosos são
misericordiosos porque agem com misericórdia.
Não podemos ser cidadãos do reino de Jesus e viver como
eremitas ou monges, fugindo do mundo e de suas necessidades. Certa vez visitei
os templos esculpidos em rochas de uma religião antiga. Nesses recessos, homens
se refugiavam do mundo para passar seus dias contemplando o enigma da
existência humana. Em pequenos ambientes esculpidos em pedra, levavam uma vida
de celibato, oração e abnegação. Mas no interior das salas de reunião havia
afrescos, trabalhados em cores. Embora a umidade e a fumaça tenham destruído a
maior parte das obras de arte, depois de 20 séculos, as cenas libertinas –
danças, bebedeira, mulheres com pouca roupa – ainda são evidentes.
“Como é possível”, perguntei ao guia, “esses monges
terem decorado as paredes com esse tipo de pintura?” A resposta: “Visto que
estavam protegidos da tentação do mundo, eles tinham que ter cenas como essas
para desenvolver o caráter!”
Que diferença dos ensinos de Jesus! Nós que O seguimos
não contemplamos a misericórdia; nós a praticamos. Não meditamos na pureza do
coração; nós a vivemos nas relações do dia a dia. Não falamos sobre a paz;
procuramos trazer a paz de Deus aos homens e mulheres com quem convivemos.
“Ante o apelo do tentado, do errante, das míseras
vítimas da necessidade e do pecado, o cristão não pergunta: São eles dignos?
Mas: Como posso beneficiá-los?” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p.
22).
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