Um cântico de graças


E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Efésios 4:7

Vários anos atrás trabalhei como coordenadora de encaminhamento hospitalar. Não trabalhava diretamente com os pacientes; apenas os conhecia pelo que os membros de outra equipe me informavam. Fiquei emocionada quando nossa coordenadora voluntária parou, certa manhã, e me perguntou se eu poderia cantar para uma paciente internada que gostava muito de hinos.

A Sra. Morris era uma dama encantadora. Aparentava estar bem, e não alguém morrendo de uma doença terminal. Estava muito lúcida, contente, sentada numa espreguiçadeira, com uma manta de crochê no colo.


A princípio, conversamos um pouco, a título de apresentação. Rapidamente descobri que ela era dotada de muito conhecimento de música. Gostava, especialmente, da história da música de igreja e dos clássicos sacros. Também gostava de corais e havia cantado em muitos, ao longo dos anos. Sugeri alguns hinos que poderíamos cantar juntas, para começar, mas ela me interceptou, escolhendo os hinos que queria, do seu hinário. “Hoje”, anunciou ela, “vamos cantar hinos de ação de graças!”

Assim fizemos. Cantamos por quase uma hora. “Graça Excelsa”, “Gratidão” e assim por diante. Eu cantava soprano e ela se harmonizava comigo. Cantamos até a hora do jantar. Ajudei-a a tomar a refeição, depois li uma passagem da Bíblia, no Salmo 91, e fizemos oração. Foi uma hora muito abençoada.

“Você virá outra vez?” perguntou ela, enquanto eu me preparava para sair.

Claro que viria! Assim, quando a visitei, duas semanas mais tarde, levei dois dos membros do meu coral para cantarem comigo. Mas a Sra. Morris não estava sentada. Seu estado declinava e ela estava quieta, deitada na cama, como uma flor murchando. Entristeci-me ao vê-la daquela maneira, e fiquei ali por algum tempo, sem dizer nada. Ela olhou para mim e deu um fraco sorriso. Eu sabia que ela não poderia cantar conosco. Em voz baixa, cantamos três hinos e saímos do quarto, enquanto ela dormia. Ela faleceu uma semana depois.

Às vezes é bom, para nós, entrarmos no mundo de alguém, mesmo que só por um momento. Sempre encontraremos Deus ali, e, quem sabe, um cântico de graças.

(Márcia R. Pope in Meditação da Mulher)

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