Colhendo Cerejas


São as feridas com que fui ferido na casa dos Meus amigos. Zacarias 13:6

Luís, de dez anos de idade, era um garoto 
urbano. Gostava demais dos três dias que passava todas as férias de verão numa fazenda, a uns vinte e poucos quilômetros da cidade.

Frank, o filho adolescente dos fazendeiros, era um garoto da cidade. Luís seguia Frank por toda parte, sentindo-­se ele mesmo um fazendeiro. Sentava-se com Frank durante horas no trator. Saía com Frank para buscar as vacas para a ordenha. Carregava feno com Frank. Descobriram juntos o ninho dos coelhinhos. Juntos colhiam cerejas.


Mas, um dia, Luís colheu cerejas sozinho. Subiu numa escada alta e enchia seu balde com as frutinhas vermelhas e maduras. Algumas árvores na frente, fora de sua vista mas não do alcance do ouvido, Frank colhia cerejas com um amigo de sua idade.

Luís podia ouvi-los dando risada. Parou para escutar. Frank estava falando a seu respeito!

– Luís não serve para nada – disse Frank. – Ele é o típico menino da cidade. Não saberia o que fazer se ficasse por conta própria.

As lágrimas arderam nos olhos de Luís. “Como é que ele pode falar de mim desse jeito? Achei que fôssemos amigos!” Foi como se tivesse levado um soco no estômago. Sentiu-se enjoado, magoado e triste.

Depois teve outro pensamento. “Ele está dizendo a verdade. Sou um menino de cidade grande. Não sou bom como fazendeiro. Ele não está dizendo que não gosta de mim, apenas que a agropecuária não é meu ponto forte. Não adianta ficar chateado. Ele não está querendo me ferir. Vou deixar para lá.”

Luís havia enfrentado uma verdade muito real nos relacionamentos. Há dois tipos de feridas que os amigos nos causam: feridas leves e feridas profundas.

Feridas leves são coisas como irritações, comentários impensados, desfeitas não intencionais e expectativas não alcançadas. Essas feridas leves são como um tapa no rosto, mas sobre o qual não vale a pena discutir.

Feridas profundas são coisas como deslealdade, comentários maliciosos com a intenção de magoar, promessas não cumpridas, crueldade e brutalidade. Não há como passar por alto. Precisamos lidar com elas – confrontá-las e perdoá-las. Caso contrário, a amizade não sobreviverá.


Escolhendo Amigos

Quando um amigo o machuca, verifique qual é a profundidade da ferida. Não perca um amigo por causa de uma leve mágoa. 


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