Piedade – ou censura?


Teve piedade dele. Lucas 10:33, NVI

Numa tarde de sábado, meu esposo e eu percorremos 220 quilômetros de carro para ouvir um coral. Porém, a igreja, local da apresentação, estava deserta: o concerto havia sido cancelado. Antes de sair da cidade, decidimos telefonar para ter certeza de que não tínhamos errado o horário. (Isso foi antes de quase todos terem um telefone celular.) Aproximamo-nos de um cruzamento, e havia um posto de gasolina em cada esquina, cada um com uma cabine telefônica. No mais próximo, não havia lista telefônica. Do outro lado da rua, tampouco. Fomos ao terceiro posto – sucesso!

Quando estávamos para sair, observamos uma jovem senhora se 

aproximando dos telefones. Foi a um telefone para fazer a ligação, depois desligou, frustrada, e deu nele um bom chute. Tentou o segundo aparelho e mais uma vez bateu com a mão no telefone. Então, com os ombros curvados e dedos sangrando, encaminhou-se para o seu carro. Tudo o que vi foi uma mulher tendo um ataque de zanga infantil. Meu esposo, porém, deu atenção a um impulso interior e encostou nosso carro ao lado do dela. – Podemos ajudá-la? – perguntou ele, bondosamente.

Em lágrimas, ela desabafou: – Meu carro quebrou, não conheço ninguém aqui e quando tentei ligar para meu esposo, o cartão do telefone não funcionou!

– Deixe-me tentar – disse
Vic, e voltamos para os telefones.

Vic encheu a mão com moedas, discou o número para a aflita mulher e lhe entregou o telefone quando o esposo dela atendeu. Vic também conseguiu fazer com que o carro dela rodasse de modo intermitente, o suficiente para que ela nos seguisse até onde seu esposo ficara de encontrá-la.

– Vocês são a resposta às minhas orações! – disse ela, enquanto saíamos.

– Certamente, Deus tem algumas maneiras sinuosas de colocar as pessoas no lugar em que vai precisar delas – brinquei com meu marido.

Embora essa experiência tenha falado a mim sobre as providências de Deus, também acusou meu coração. Tudo o que eu havia visto fora uma mulher tendo um chilique infantil. Eu teria facilmente dado de ombros e ido embora. Mas
Vic viu algo além do comportamento dela. Sentiu o seu pânico e desespero e se dispôs a ajudá-la, compassivamente. Por seu exemplo, o bom samaritano com quem me casei me fez lembrar de olhar para além do óbvio e não endurecer o coração. Piedade – e não censura. Quem sabe, uma boa lição para todas nós!

(Dolores
Klinsky Walker in Meditação da Mulher)

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