A Conduta Mais Estranha

Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Filemom 8, 9

Paulo tinha um escravo fugitivo em suas mãos. De alguma forma, Onésimo encontrou Paulo na prisão, ouviu as boas-novas de sua boca e decidiu se tornar cristão. Agora, cheio de sentimento, Paulo escreve para Filemom, proprietário de Onésimo. Em seguida, o que faz? Envia Onésimo de volta!

O que se passa na cabeça de Paulo? Por que não escreve para
Filemom repreendendo-o por negar a Criação e o evangelho ao tornar outra pessoa seu escravo? Por que não mantém o jovem Onésimo com ele para tornar a infeliz vida na prisão um pouco mais fácil?

Ao enviar Onésimo de volta para
Filemom, Paulo o sujeita a correr risco de morte. A lei romana estabelecia severas penalidades para escravos fugitivos: Onésimo poderia ser legalmente crucificado, ser lançado para lampreias vorazes ou, na melhor das hipóteses, ser marcado com ferro quente, o que deixava uma cicatriz permanente e visível para evitar fugas futuras.

A escravidão era algo comum no Império Romano, e
Filemom não foi o único professo seguidor de Jesus Cristo que tinha escravos. Em suas cartas, Paulo se refere várias vezes à relação entre mestres e escravos. Aos coríntios, ele escreveu: “Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso. Mas, se você puder conseguir a liberdade, consiga-a” (1Co 7:21). Em outras ocasiões, advertiu os escravos a servirem seus senhores com honestidade e fidelidade e aconselhou os proprietários a tratarem os escravos com justiça e amor (Ef 6:5-9; Cl 3:22; 1Tm 6:1, 2; Tt 2:9, 10). Em nenhum lugar Paulo disse para os proprietários libertarem os escravos, tampouco aconselha os escravos a tentarem se revoltar. O que aconteceu com o valor moral de Paulo?

Estava bem onde Deus colocou. Com a institucionalização da escravidão dentro da sociedade de sua época e sendo os cristãos uma minoria sem apoio legal, teria sido imprudente instigar uma mudança na ordem social. Paulo, no entanto, estava envolvido em mudar a ordem social. Sua mensagem, o evangelho da graça, plantou
ideias que eram verdadeiras bombas-relógio, contando o tempo até o momento de “explodir” a escravidão para sempre. Para bombas-relógio como essa “não há [...] escravo nem livre, [...] pois todos são um em Cristo Jesus” (Gl 3:28) e “não há [...] escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos” (Cl 3:11).

A graça ainda é uma bomba-relógio. Você crê nisso?


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