Minha experiência com um ladrão


Nem em sonho teria me ocorrido que ele poderia ser um ladrão!

Travamos uma ligeira e cordial amizade. “Um hábil conversador transformou-se num viajante comercial”, com essas palavras ele se colocou sorridente diante de mim. Eu
averiguei a respeito de sua origem. Cheguei a conclusão que teve ligações com várias indústrias de vidros e também tinha sociedade com uma indústria de cigarros. “Atualmente sou representante de uma revista”, e ausentou-se.

Assim eu permiti que ele entrasse na sala de visitas de minha casa.

“Na minha vida álcool e fumo não tem lugar”, disse-lhe eu claramente. Sendo cristão, meu corpo é o templo do Espírito Santo. “Minhas convicções deixaram-no completamente indiferente. Ele quis ficar com suas
ideias e eu poderia ficar com as minhas.

Você pode imaginar que ao procurar a verdade encarei muitas de suas histórias com reservas. Mas preciso admitir que achei palpitantes muitas das suas experiências. Eu o convidei a voltar na noite seguinte. “Talvez poderei exercer influência benéfica sobre ele”, esta era a minha esperança.

Minha esposa teve de me lembrar que sua próxima visita coincidiria com o culto de oração, quarta-feira à noite. “Sim, já deveria ter ido à igreja”, admiti, “mas eu não posso voltar atrás com o convite que fiz a este amigo. Minha esposa não estava de acordo com a visita. Ela disse: “Eu não confio nele”. Ela ficou cada vez mais apreensiva, a medida que ele, mais e mais se intrometia na nossa vida familiar.

Todo dia se tornava longo e enfadonho, em comparação com a noite, na companhia daquele camarada. Ele tinha uma atrativa fantasia. Eu sentava-me e ria exageradamente das suas experiências. Suas críticas às leis eram extasiantes.

Também meus filhos tinham um especial encanto. Assim, de vez em quando, ele precisava misturar alguma coisa indecente e por isso eu sempre tinha que forçá-lo ao silêncio.

Então ele começou a influenciar meu filho adolescente e minha filha de nove anos. Eles mal podiam esperar pelas suas novas piadas, ou para ouvir suas histórias excitantes. Eles teriam ficado acordados durante horas, se nós tivéssemos permitido. Todos esses desvios atrapalhavam as crianças nos estudos e prejudicavam sua saúde. Agora também eu, comecei a me preocupar com as visitas desse moço em nossa casa.

Daí aconteceu algo! Era justamente a “gota que faltava para o cálice transbordar”. Um dia descobrimos que vários de meus livros faltavam. “Talvez esse moço seja um ladrão”, conjeturei eu, “e se assim o for, quem sabe, o que ele, além dos livros levou? Isto parecia suspeito. Eu estava tão irritado que decidi investigar o que teria ocorrido com o meu vizinho. Descobri que lá ele também desviou e furtou algumas coisas. Eu tive que me admirar de sua maneira traiçoeira de agir. Isto confirmou, em todos os casos a desconfiança que minha esposa tinha desde o princípio contra ele. Na casa de outra família ele penetrou como professor de religião. Um vizinho mais distante, um comerciante, avaliou-o como especialista de muita capacidade. “Ele tem o que um bem sucedido comerciante precisa”.

Propus a estas pessoas controlarem seus pertences. A maioria achou que lhes faltava alguma coisa. Numa casa percebi que não havia mais revistas cristãs. Na outra a Bíblia havia desaparecido. Eu estava estupefato ao ouvir, que o tempo do culto de domingo à noite e das quartas-feiras de oração eles gastavam com aquele camarada. Por fim, reconheci que meu visitante sofria da mania de roubar. Como um ladrão duro e insensível, ele roubou meus livros, minhas revistas e meu tempo, mas o que eu mais senti falta, foi a minha amizade própria com Jesus Cristo, e também das noites nas quais eu me associava aos meus amigos e à minha família. Houve gente que perdeu coisas de real valor, não só pequenas coisas, mas preciosos tesouros familiares. Espiritualidade, companheirismo e experiências espirituais foram furtados e substituídos por um diálogo curto e superficial.

Este visitante não se encontra mais em nossa casa. Ele seria até mesmo bem inofensivo, seu eu pudesse colocar nele um freio. Ladrões nem sempre são totalmente maus. Este que nos visitava trazia de vez em quando notícias úteis e bem interessantes. Sem dúvida, devemos manter os olhos abertos, do contrário certamente ele roubará de nós alguma coisa.

De vez em quando ainda o vejo na casa dos meus vizinhos. Ainda os entretêm por horas e horas com extasiante expectativa. Eu tentei lembrar-me do seu nome, para que você também esteja alerta. Infelizmente o esqueci. Porém, suas iniciais nunca esquecerei, são T.V. Fico admirado ao ver o que a TV lhe tem roubado. Tempo? Culto doméstico? Bons livros? Diálogos proveitosos? Assistência aos cultos na igreja? Estudos bíblicos e interessados? Procure controlar sua lista! Você talvez ficará muito admirado por tudo o que já perdeu!

Este moço inteligente faz lembrar-me um cavalo não domado. Você precisa estar sentado firme sobre ele e segurar as rédeas com firmeza, senão ele fugirá com você. Se você não o dominar, então ele lhe dominará. Se você aprender a lidar com o aparelho de televisão como o apóstolo Paulo lidava com as coisas deste mundo, então ele não ficará guardado no armário. Mas você conseguirá fazê-lo? Por suas próprias forças, certamente não. Pondere, se o Senhor realmente quer a influência da TV em seu lar! O que faz você quando Jesus Cristo ocupa o segundo lugar na sua vida? Medite sobre a responsabilidade para com a sua família.


O texto, datilografado, está em meus arquivos há muitos anos. Se mexêssemos nele, tirando a “TV” e colocando no lugar o “computador”, o resultado seria, assustadoramente, o mesmo!

Não custa nada refletir e repensar algumas prioridades, não é mesmo?

(Texto traduzido do “Der Leuchtturm”, 25º ano, nº 21, sob o títutloMeine erfahrungen mit einem dieb”, de Don W. Hillis. Traduzido por Marlene Lenz Sartorti. Via Amilton Menezes)

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